Reprodução

Grupo divide opiniões em ato pró-vida após aborto de menina de 10 anos

O aborto de uma menina de 10 anos, grávida por causa de um estupro, provocou a manifestação de grupos pró-vida e pró-aborto em Recife.

Um grupo de cristãos se reuniu para orar e protestar contra o aborto no domingo (16), em Recife, em frente ao hospital onde uma menina de 10 anos realizou o procedimento após ser estuprada pelo tio.

A criança, do Espírito Santo, viajou para Pernambuco depois que o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, em Vitória, se negou a realizar o aborto devido ao avanço da gestação. A menina estaria com 22 semanas de gravidez — mais de cinco meses de gestação.

A gravidez foi diagnosticada no dia 7 de agosto, depois que a menina foi levada a um hospital na cidade de São Mateus, a 220 km de Vitória, com dores abdominais. Ela relatou que começou a ser estuprada pelo tio aos seis anos de idade. O homem, de 33 anos, está foragido.

O hospital de Vitória se recusou a fazer o aborto porque “a idade gestacional não está amparada na legislação vigente”. A pedido do Ministério Público, o juiz Antônio Moreira Fernandes decidiu na sexta-feira (14) que “é legítimo e legal o aborto acima de 20-22 semanas nos casos de gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia fetal”.

No Brasil, o aborto é permitido somente nos casos de anencefalia do feto, gravidez resultante de estupro e quando a gestação representa um risco para a vida da mulher, nos termos do Código Penal.

O grupo pró-vida protestou a decisão, chamando os funcionários do hospital que realizaram o procedimento de “assassinos”. O grupo defende que o Estado e a Igreja deveriam dar suporte à menina e salvar as duas vidas. 

“Estamos aqui como igreja para dizer que Recife não é a capital do aborto, nós somos pró-vida, e queremos salvar as duas vidas. As duas importam e valem”, disse uma representante do grupo, segundo o site Universa.

“A igreja quer adotar a criança”, disse um dos manifestantes na porta do hospital, em vídeo publicado pela deputada estadual Clarissa Técio. Um grupo pró-aborto também fez protestos. 

A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, disse no sábado (15) que o governo ofereceu ajuda à criança e que é preciso haver um debate sobre pedofilia.

“Nos últimos dias fui duramente criticada por ter dito que ajudaria esta menina, como se fosse esta a única criança que eu quero ajudar. Mas as absurdas críticas não me intimidam, eu sei que na verdade queriam tirar o foco do debate sobre a pedofilia, queriam desviar o assunto. As críticas não me intimidam, eu, se puder, vou ajudar esta e todas as outras meninas e meninos vítimas de pedofilia”, disse a ministra nas redes sociais.

“Mas saibam que história desta menina não encerra aqui com uma sentença judicial. Eu sei bem o tamanho das dores que ela ainda terá que enfrentar. Só quem passou pelo martírio da pedofilia sabe o que isto significa”, acrescentou.

Damares disse ainda, com base na sentença judicial, que “a decisão sobre abortar ou não, dependia da menina, da família da menina e dos médicos, pois se ela estivesse em estágio avançado de gravidez possivelmente o aborto não fosse recomendado”.

A ativista Sara Winter, uma das responsáveis por disseminar o paradeiro da menina, acredita que manifestantes feministas estão usando o caso para “avançar a agenda do aborto no Brasil”. Ela disse ainda que a criança teve que passar por dois traumas, o do estupro e da interrupção da gravidez.

“Ela teve que parir a filha morta”, disse Sara. “Por que essa menina não continuou mais um mês grávida, com toda a assistência do Estado, e foi submetida a uma cesária humanitária para salvar as duas vidas? Essa menina pode desenvolver várias consequências físicas e psicológicas por esse aborto, mas era isso o que as feministas queriam”.

Via Guiame.

Compartilhe

Faça um comentário