História

A Páscoa dos judeus, a Paixão de Cristo, e o propósito dos discípulos

O que ninguém esperava, nem os discípulos, era estar prestes a ver mais um capítulo na História da redenção se realizar.

Era Páscoa em Jerusalém. Pessoas de várias regiões lotavam a cidade para celebrar os grandes feitos de Deus ao libertá-los do Egito. A Páscoa, para os judeus, relembrava o dia que anjo da morte “passou por cima” de suas casas, preservando a vida de seus primogênitos, mas trazendo juízo divino aos egípcios (Ex 12:12-20). Os últimas dias de Jesus aqui na terra ocorreram justamente durante o período em que os judeus comemoravam a “Páscoa” (ou Pessach, “passar por cima, em hebraico).

O que ninguém esperava, nem os discípulos, era estar prestes a ver mais um capítulo na História da redenção se realizar. Estranho, porque na Páscoa com Jesus, Deus não livra o seu Primogênito, mas o entrega por amor, “para que ninguém pereça” (Jo 3:16), e assim, torna a salvação de um povo, a salvação para todos os povos.

A morte de Cristo, tão absurda, revela a sua mais pura essência: um Deus que ama e sofre. O sofrimento de Deus por amor através de Jesus é conhecido com a “paixão” (palavra latina para sofrimento). Nós podemos dizer que temos um Deus que sofre. Sofre porque ama. Ama porque se importa.

O amor de Deus é capaz de fascinar qualquer pessoa. Eu diria, é ainda maior do que seu poder. É justamente o seu amor que governa o seu poder. Deus não fará nada por egoísmo ou egocentrismo. Toda ação divina é, antes de ser poderosa, uma ação de amor.

Na canção de Marcos Witt, “Te miré a los ojos”, diz “Entre as coisas que não entendo, o que menos compreendo, é o teu amor”. Para muitos, ser amado por Deus é ter acesso irrestrito ao seu poder e utilizá-lo conforme seu bem querer. É difícil conceber a imagem de um Deus Todo Poderoso e que sofre. A essência do amor ainda é muito ignorada.

Filipenses 2:7 diz “(Jesus)…esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. Convenhamos, tornar-se humano é humilhante para um Deus tão grande, mas faz tanto sentido para um Deus que ama.

No ápice de sua paixão, há dor, angústia e escuridão. Todos assustados e. nervosos. Escondidos. Enclausurados e com medo da perseguição e da morte… e de alguma forma, assemelha-se aos dias que estamos vivendo na páscoa de 2020. Parece que não há mais o que fazer, o projeto cessou. Chegamos até aqui e é o fim.

Porém, há um domingo que muda tudo. Ao terceiro dia Ele ressuscitou, e o que era o fim, tornou-se início de uma nova história entre os povos. Nosso domingo também vai chegar, e o que contamos como o fim, poderá ser um novo começo.

Em Hebreus 12:1-2 diz “…Corramos com perseverança a carreira que nos está proposta. Olhando para Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé…”. Não seria esse o tempo de manifestarmos a paixão de Cristo como o propósito de ser discípulo? O melhor discípulo ainda é o que ama, esvazia-se de si mesmo e sofre, num mundo que ainda espera conhecer a “paixão”de Cristo através de seguidores.

Por Saulo Porto, teólogo e pastor, missionário da Missão Mãos Estendidas em Portugal e África, professor de Cosmovisão Bíblica na Jocum e estudante de Psicologia na Universidade do Algarve. Casado com a Juliana, com quem tem duas filhas, Alice e Nadine.

* O conteúdo do texto acima é uma colaboração voluntária, de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.

Via Guiame, Saulo Porto.

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