Em 30 de janeiro é celebrado o Dia Nacional dos Quadrinhos e tem sido cada vez mais comum ver talentos usando os cartoons como forma de ensinar e comunicar a mensagem de esperança. Em muitos casos, os desenhos servem até para tratar de temáticas contemporâneas complexas como, por exemplo, a crise migratória no mundo.
Rubinho Pirola é cartunista, autor do livro “Café com Deus” (best-seller no Brasil e nos EUA), apresentador do programa de mesmo nome da Rádio Trans Mundial do Brasil e, na atualidade, é diretor executivo da RTM Portugal. A paixão dele pelos cartoons começou cedo. Todo esse convívio foi um estímulo e tanto para que esse paulista de Adamantina, partisse para os rabiscos no papel. Desde então, os cartoons não saíram mais da vida de Rubinho. Anos mais tarde, quando já era cristão e foi para o Triângulo Mineiro para desenvolver o seu ministério pastoral, teve a oportunidade de lecionar histórias em quadrinhos e design gráfico na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde também foi diretor da Imprensa Universitária. De lá, passou ele pelas principais editoras denominacionais do país e, por nove anos, foi colunista – usando cartoons – na versão brasileira da revista Christianity Today (Cristianismo Hoje).
Em 1983, Pirola, já como pastor, observou que a sua igreja local, uma comunidade Presbiteriana tradicional em Uberlândia, poderia investir em uma nova forma de comunicação que fosse além dos conhecidos boletins dominicais. Foi naquele momento que ele decidiu que os muitos textos dessem lugar aos desenhos e ao bom humor.
“O quadrinho é uma arte que já foi considerada menor, mas é importantíssimo para o desenvolvimento dos mais jovens, além de ser uma diversão para todas as idades”, disse Pirola.
De acordo com a Academia Brasileira de Arte (ABRA), os quadrinhos têm uma história de mais de um século e meio no país. Mas a coisa vai ainda mais longe no tempo. O humor gráfico já era parte da escrita egípcia. Os hieroglifos, uma escrita ideográfica, isto é, cujos sinais e desenhos representavam não formas físicas, mas já ideias e conceitos, e tinham como conteúdo, o humor e a associação irônica com as pessoas retratadas. Mas a linguagem que se popularizou e caracteriza os quadrinhos foi formatada por Richard Outcault, e outros autores dos “daily strips” (tiras diárias) de jornais.
Ali, houve a junção dos desenhos em quadros (que são cortes temporais, denotando tempo de uma narrativa e ao mesmo tempo trazendo ritmo visual à página), os balões – que traziam uma certa autonomia aos personagens a representar o que falam, pensam ou sonham – e as onomatopéias, que nada mais são do que a representação gráfica dos sons, que são características plásticas que tão fortemente marcam os quadrinhos.
Em muitos deles, o público confere elementos da cultura popular, da tradição e referências da nossa história. De alguns anos para cá, contudo, o cartoon com temática cristã tem se tornado cada vez mais comum, como destaca Rubinho, que há anos pesquisa, no campo acadêmico, o tema do humor e a sua relação com o sagrado.
Através dos seus cartoons, da ironia e do humor, Pirola chama a atenção para diferentes assuntos tais como: temas bíblicos fundamentais para a fé – no evangelismo e discipulado, outros mais sensíveis como hábitos e crenças populares heréticas que os cristãos têm admitidos, que são verdadeiros desvios de rota, da igreja da atualidade. “Os quadrinhos chamam a atenção para assuntos que precisam ser repensados e discutidos, mas que sem o cartoon, não teria o impacto que se deseja, sendo deixados para depois num potencial ‘morde-e-assopra’, em que é possível ser bem duro ou firme, sem parecê-lo”, disse.
Por falar em temáticas densas, o mais novo livro de Rubinho “O Melhor Lugar da Terra” (pela W4 Editora) fala sobre a crise migratória, um dos grandes dilemas da atualidade. Estima-se que entre as décadas de 1990 e 2020, cerca de 82 milhões de pessoas podem ter deixado seus lares em busca de sobrevivência. Nos últimos anos, o Brasil entrou de vez no circuito dos destinos procurados por quem busca uma chance fora de seu país de origem com a chegada de haitianos, venezuelanos e de outras partes como Síria, África, Afeganistão e de outros lugares.
“Este novo trabalho fala do drama de uma família, pela ótica de um menino, mas traz lições sobre a importância de repartirmos, ampararmos, socorrermos e vermos que a nossa fraternidade pode ser este ’melhor lugar da terra ‘ao invés de pedras e tijolos’”, acrescentou.
Confira mais
Para conferir mais sobre a história de vida de Rubinho e sua relação com os cartoons, confira a reportagem de capa da Revista Trans Mundial 9. Você também pode acompanhar os desenhos e as edições do programa “Café com Deus” pelo site Trans Mundial.