Uwaila Omozuwa, de 22 anos, sonhava em pregar a palavra de Deus. Ela morreu após ser estuprada em sua igreja.
Uma jovem de 22 anos foi estuprada e morta em um ataque a igreja Redeemed Christian Church of God, na cidade de Benin, na Nigéria. Ela faleceu em 30 de maio, poucos dias após o ataque.
Uwaila Vera Omozuwa estudava microbiologia na Universidade de Benin, mas sua paixão era teologia. Na quarta-feira, 27 de maio, a estudante foi encontrada seminua em uma poça de sangue na igreja onde ela fazia parte do coral.
Apesar do esforço médico para salvar sua vida, Uwaila morreu dias após o ataque.
“Ela queria ser ministra e pregar a palavra de Deus. A igreja era seu lugar favorito”, disse à CNN sua irmã mais velha, Judith, 24 anos. “Ver que ela foi assassinada onde sempre encontrou paz é devastador”.
Uwaila costumava ir à igreja durante a semana para estudar, para evitar distrações de seus irmãos em casa. Sua frequência ao templo aumentou nos últimos meses, pois sua universidade foi fechada devido à pandemia de coronavírus na Nigéria.
Segundo a polícia, a perícia indica que Uwaila foi atingida na cabeça por um extintor de incêndio encontrado no local. As impressões digitais no objeto levaram à prisão de um suspeito.
O porta-voz da igreja, Olaitan Olubiyi, disse que os membros estão devastados com a morte de Uwaila. “Ela decidiu fazer alguns estudos durante o isolamento social porque na igreja havia paz. Ela pegava a chave do pastor e devolvia após seus estudos”, disse.
“Mas naquele dia ela não devolveu a chave e o guarda noturno a encontrou em uma poça de seu próprio sangue e seminua no salão da igreja”, acrescentou Olubiyi.
A Redeemed Christian Church of God é uma das maiores igrejas da Nigéria, com centenas de templos. Também possui filiais no Reino Unido, Índia, EUA, Canadá, África do Sul, Austrália, entre outros países, de acordo com seu site.
Seu superintendente geral, Enoch Adeboye, se pronunciou no domingo passado (31) e pediu orações pela família de Omozuwa.
“Eu e membros da minha família condenamos esse ato fortemente e pedimos a todos para permanecerem calmos, já que estamos analisando a questão e cooperando com a polícia para estabelecer os fatos desta situação chocante”, disse ele.
A família de Uwaila disse à CNN que os médicos disseram que ela foi estuprada, mas a polícia parou de chamar o ato de estupro e descreveu como “agressão sexual desumana”.
O estupro é considerado um estigma na maioria das famílias nigerianas. É inédito que sua família venha à público dizer o que houve com ela, segundo o diretor da Anistia Internacional da Nigéria, Osai Ojigho.
“Isso mostra como a polícia não está disposta a investigar casos de estupro e prefere investigar acusações de assassinato. Ambos são crimes hediondos e nenhum deve ser descartado pelo outro”, disse Ojigho à CNN.
A violência contra as mulheres é uma realidade diária na Nigéria, onde 25% das meninas sofreram violência sexual antes dos 18 anos, de acordo com um estudo de 2014 da UNICEF. O índice é de 10% entre os meninos.
No Twitter, o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, chamou o assassinato de Uwaila de “ato bárbaro” na terça-feira (2) e ofereceu suas “mais profundas condolências” aos amigos e familiares da vítima.
Ele acrescentou que espera que a polícia nigeriana “investigue rápida e diligentemente” o caso para garantir justiça.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos da Nigéria disse que está investigando a morte de Uwaila e divulgou um vídeo no Twitter pedindo aos homens nigerianos para resistirem aos pensamentos de estupro.
Via Guiame, com informações da CNN.