Bárbara Cesar estava na 33ª semana de uma gestação quando os sinais da Covid-19 começaram a se manifestar.
Um parto de emergência, 10 dias de intubação, aniversário do primogênito internada. Era a Covid-19 que, num estágio avançado de infecção, tirava da dona de casa Bárbara, 26 anos, a alegria de estar junto dos filhos. Ela pensou que iria morrer; outras que também estavam hospitalizadas não resistiram à gravidade da doença. Mas, depois de uma dura batalha contra o coronavírus, a jovem celebra o milagre de estar viva e de poder comemorar este Dia das Mães.
“Eu me sinto muito privilegiada e abençoada. Não sabia que merecia tamanha misericórdia. Eu fiquei muito mal. O Senhor operou um milagre, eu sinto gratidão a Deus por saber que fui tão perto da morte e hoje estou em casa com os meus filhos.”
Bárbara estava na 33ª semana de uma gestação tranquila das gêmeas Maria Júlia e Maria Elisa, a ponto de acreditar que conseguiria levar a gravidez até a 40ª (ou 9 meses), quando os sinais da Covid-19 começaram a se manifestar. Preocupada, ela buscou orientação de um serviço de saúde por telefone, mas recebeu apenas a orientação de tomar xarope para controlar a tosse.
A dona de casa teria uma consulta de pré-natal em alguns dias, e acreditou que poderia esperar para uma avaliação do médico. No entanto, os sintomas pioraram, e ela decidiu ir até uma unidade de saúde. De lá, Bárbara foi direto para a internação e fez uma cesárea de emergência. “Se eu tivesse esperado mais, não estaria aqui com minhas crianças”, avalia.
Semanas de aflição
Era o dia 20 de março e começavam ali o que seriam semanas de aflição para toda a família. Bárbara não pôde ver as filhas quando nasceram, muito menos tocá-las. As meninas ficaram internadas por 5 dias, devido à prematuridade (são prematuros os bebês que nascem antes de 37ª semanas de gestação), mas não foram infectadas pelo coronavírus.
A dona de casa, no entanto, apresentava a 50% de comprometimento nos pulmões, e precisou ser intubada. Durante o tratamento, conduzido no Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra (ES), ela sentiu-se muitas vezes solitária, ainda que estivesse bem assistida. Era a saudade da família que a deixava angustiada e o medo de que não pudesse mais desfrutar do convívio do marido dos filhos. E chorava foi muito, como no dia em que o mais velho, Elimar Junior, fez 4 anos e ela estava internada.
Hoje, Bárbara ainda chora, mas o sentimento é outro. “Muitas vezes eu acordo, e me emociono. Penso que estou acordando em casa e vendo os meus pequenos. Como eu chorei em não poder abraçar meu filho no aniversário dele! Lá, eu me abraçava para tentar aliviar aquela dor”, lembra Bárbara, que só reencontrou as crianças no dia 12 de abril, quando teve alta.
No período em que ficou internada, a dona de casa soube que outras puérperas (mulheres no pós-parto) não tinham sobrevivido à Covid-19. “No mesmo quarto eu fiquei, tinha outra gestante. Depois, não vi mais, e fiquei pensando: ‘será que sobreviveu, será que conseguiu ficar bem?’ Entre essas que faleceram, uma tinha o mesmo nome que eu. A gente fica pensando nos bebês, em quantas crianças vão crescer sem mães. Quantas mães novas perderam a vida. Mas, sendo nova ou não, é muito triste. Por isso, sou muito grata a Deus pelo milagre que operou em nossas vidas”.
Para a dona de casa, todo dia deveria ser dedicado às mães, mas ela reconhece que este domingo, em que a data foi celebrada oficialmente seria muito especial. Ela lamenta que tantas famílias tenham sido desfeitas pela doença. Mas, diante de tudo o que passou, Bárbara não se cansa de demonstrar gratidão e acredita que foi o melhor Dia das Mães. “Agora, estamos todos juntos de novo.”
Via Guiame, com informações da Gazeta.